O poder atrai, ao menos é o que se diz.
Mas o poder político, no Brasil, há muito vem afastando os bons. Faz tempo que a gente espera novos nomes, novas ideias, e quase nada aparece. Parece que está ocorrendo um efeito contrário. Quem tem algo a perder, foge da política.
Aliás, corajoso é quem permanece. Ambicioso, diriam muitos. Ganancioso, outros. Mas acima disso, sem dúvida, vem a coragem.
Primeiro, para ter um poder num mundo desconstruído por si, e pelo Judiciário, sem entrar no mérito do porquê disso. Segundo, pela absoluta falta de credibilidade das instituições políticas, o que leva à generalização que político não presta.
É neste rol que o indivíduo entra quando ingressa na política. E não tem princípio de inocência que o salva. Ali, ou você prova que é sério, ou não é sério.
Ou seja, você tem uma caneta ineficaz, ou porque todos os seus atos serão revistos, ou porque seu orçamento está estourado há décadas.
Daí o desespero por achar alguém que supra as necessidades da população na lista de candidatos. Quem aguenta essa pressão? Quem está disposto a abrir mão da sua vida para dedicar-se à política num ambiente de desconfiança e ódio?
Ambiente, que se diga, de generalização, onde todos são taxados de algo muito mais rotulador do que esquerda ou direita. As pessoas procuram sílabas pronunciadas para encaixar você num determinado transtorno, numa seita, ou que seja a favor de um, contra o outro.
Defesa da classe política? Não.
Apenas uma opinião, sobre porque estamos tão mal na política, onde além de todos os fatores que já conhecemos: a corrupção, os desmandos, a incompetência, soma-se, agora, este: o desinteresse das pessoas de bem em entrar na política. E não digo, com isso, que inexistem boas pessoas na política. Pelo contrário. Existem, são heróis, e é nelas que temos que votar. Agora, tenho certeza de que elas adorariam ter uma vizinhança melhor.
Colegas melhores. Gente com quem dividir as suas boas intenções. Ninguém de bem gosta de conviver em meio a falcatruas e troca-troca. Mas hoje em dia está difícil. A política não atrai nada de bom. Só aventureiros e salvadores da pátria.
Gente "apolítica", e "senhores da razão", que com sua varinha mágica irão acabar com a fome e a violência. Política é gestão, e um gestor não se faz numa eleição, muito menos numa jogada de marketing. Daí a pouca esperança, mesmo que momentânea, na política. Por enquanto, votar por fatos, argumentos reais.